Formação continua de professores

Ao iniciar uma discussão que tenha como tema central a formação continua de professores e o uso de ferramentas que o auxiliem nessa atividade, o e-portfolio se aproxima a um “diário de bordo” que deve acompanhar o professor desde a sua formação até o exercício da função em sala de aula ou EaD.

Nos últimos anos temos notado uma convergência para a comunicação digital e suas facilidade de produção e circulação de informações, a internet possibilita a qualquer pessoa que a ela tenha acessa, publicar e compartilhar seus pensamentos, atividades cotidianas, produções artísticas e tudo o que se possa transmitir por texto, imagem e som, e dentre os milhões de usuários certamente alguém irá se interessar pelo conteúdo produzido e dê alguma importância a esse.

Quando nos voltamos para o meio acadêmico, o uso de uma ferramenta digital de publicação de conteúdo, como um Blog, uma página em uma rede social ou mesmo um site pessoal traz a possibilidade de o agrupamento de informações focadas em um tema ou evolução de um tema dentro de uma área do conhecimento, que poderá ser acessado para simples leitura, discussão sobre um tópico, ou avaliação profissional, dependendo do público que o acessa. Ao pensar na relação entre professor e alunos, o uso de um e-portfolio pode ser o local onde o professor irá direcionar os alunos para a realização de uma atividade de leitura e criação de linha de discussão, ou para acessarem uma área dedicada a curadoria de conteúdo relativo a um assunto abordado em sala de aula, além de ser uma ferramenta de aproximação entre o professor e os alunos. Entre professores, o e-portfolio  pode ser um meio de discussão sobre um determinado tema e meios de abordagem deste com os aluno, citando como possível exemplo, pensando o e-portfolio como uma pasta de apresentação de trabalhos, o docente pode utilizar o seu e-portfolio para divulgar uma atividade desenvolvida em sala de aula e seus resultados práticos, que podem servir de inspiração para outros docentes, e dependendo das funcionalidades disponíveis na ferramenta digital utiliza da construção deste, outro professores poderão comentar sobre suas experiências de reprodução dessa atividade. E finalmente, em um uso pessoal, o e-portfolio pode ser para o professor um meio de registrar seus desafios diários e quais as saídas utilizadas para sua transposição, além de um registro formal de suas atividades primordial, e um meio de publicação de seus pensamentos e opiniões.

Em uma dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com o tema “Blogs Pedagógicos: Possibilidades de uma Educação Holística” a autora apresenta uma supervalorização de uma ferramenta digital como possibilidades de interação limitada para o desenvolvimento de uma educação holística, e para esse fim a autora em um trabalho conjunto com alguns professores, criaram blog onde eram desenvolvidos desafios holísticos que dependiam de uma produção de conteúdo para que o tema fosse tratado com os alunos, e no capítulo 6.2.2 Das Dificuldades Pessoais Às Reflexões Coletivas, os professores participantes relatam certa dificuldade e falta de familiaridade com o uso de computadores e ferramentas digitais, e por fim, esses blogs foram abandonados após a conclusão do trabalho.

Com base no parágrafo anterior, e fazendo uma relação com o meu trabalho na Editora, eu sempre fico preocupado com a preparação e auxílio que os professores recebem para se adaptarem ao uso de ferramentas digitais, pois muitos recebem essas sem o acompanhamento do devido treinamento, falar do uso de novas tecnologias para professores em processo de formação pressupõe um certo grau de conhecimento dessas, mas quando voltamos a atenção para professores que lecionam a mais de 2 décadas, o uso dessas ferramentas não faz o menor sentido, principalmente por eles não se sentirem preparados para usá-las diante de alunos nascidos na era digital. Ao falar em formação continua de professores temos sempre que olhar para um público alvo que, em grande parte, está atuando profissionalmente desde antes do advento da Internet e utilizar ferramentas simples como um blog ou mesmo uma página no Facebook para a construção de um “ensaio” de portfólio digital pode servir como um ambiente de imersão em tecnologias digitais de comunicação para que os professores se adaptam e passem a se aproximar dos meios de comunicação que os seus alunos estão utilizando, e durante o processo de construção do conteúdo, se amparados por uma tutoria adequada, possam entender e buscar informação nos mesmos locais que os alunos fazem, em sites de busca, canais de vídeos e fóruns.

A formação continua de professores deve se valer de todos os meios disponíveis, contando com uma boa orientação e acompanhamento para que professores de diferentes faixas etárias  possam utilizar os meios meios para uma educação de qualidade.

A importância do design instrucional no contexto da educação a distância

Para iniciar a discussão acerca da importância do Designer Educacional cito a definição de Moreira,2009:

O design educacional é, em geral, o profissional com perfil interdisciplinar, em especial nas áreas de educação, comunicação e tecnologia,articulando várias funções. Acompanha o processo desde o planejamento até a etapa de avaliação de um curso ou atividade a distância.

Com a base dessa definição e a relação com o fluxo da produção de materiais, elaborada pela Equipe de Produção de Materiais do Departamento de EaD do IFSC fica claro que o Designer Instrucional é o profissional responsável por realizar não só apenas o gerenciamento do projeto educacional de um curso a distância, mas também o profissional que tutoria todas as atividades dos profissionais envolvidos no desenvolvimento do curso, realizando a ligação das diversas competências envolvidas.

Da mesma forma que os Designers Instrucionais realizavam os treinamentos para os soldados da segunda grande guerra, pensando um público alvo bem definido e um meio de transmissão de conhecimento, em cursos a distância os Designers Instrucionais são os responsáveis por viabilizar a passagem de conhecimento em uma nova mídia para um público específico, seja ele um expert em tecnologia, ou em analfabeto digital que está adentrando o mundo virtual, por este motivo a multidisciplinaridade de competências desse profissional é um requisito tão importante, pois não é necessário apenas entender o público alvo, mas também as mídias que serão utilizadas para a execução do curso.

Esse profissional servirá como ponto de apoio para os demais profissionais envolvidos no fluxo de desenvolvimento do curso e por isso os requisitos profissionais para a ocupação desse cargo são abrangentes, pois esse deve circular e interagir com profissionais de diversas competências e fazer com que todos caminhem na mesma direção e entendam claramente quais são os objetivos do curso e as mídias que serão utilizada.

Ao realizar a linearização das atividades de um Designer Instrucional podemos formar uma linha do tempo que percorre todo o fluxo de produção de um curso, iniciando o projeto com o levantamento das necessidades de instrução a distância, a análise do público alvo, a concepção e planejamento do projeto pedagógico pensado para a mídia a ser utilizada, realizar a adaptação dos conteúdos a serem utilizados no curso para o uso nas mídias disponíveis e adaptadas ao público alvo, realizar o pensamento dos meios de distribuição do material e sua organização dentro das partes do curso, participar dos planos e meios de avaliação e todo esse processo guiado por um storyboard que servirá para toda a equipe envolvida.

Em suma o Designers Instrucionais tem papel chave em todo o projeto de desenvolvimento de curso de EaD, pois será o responsável por guiar os demais profissionais envolvidos a desenvolverem um curso que tenha todas as características necessárias para uma transmissão de conteúdo a distância que chegue aos resultados esperados.